quinta-feira, dezembro 29

Mesmo tom

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O canto flechado Ferido Dito

Cativo às trancas do cio

A terminar o giro Os toques

Perdido Sem medo

Futuro Eternidade enfim

Ser longo

Saudade tão alta Silêncio

O mesmo tom. O mesmo tom.


                                                (Landeira)












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quinta-feira, dezembro 15

Equívocos

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Reflexos de onde se espera checar a própria imagem.
Vidros, olhos e espelhos d’água.
Coletivos. Reputação.
Em razões consideráveis ou inquestionáveis repercuti um longo caminho até serem estabelecidas.
Recebidas apenas pelo que se vê.
Na tolerância dos respeitos cegos.
Quem as percebe não sabe ao certo se haverá de se repensar, ou se, se descortinarão os acertos.

                                                                                                         (Landeira)






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Veias

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Espanto de acordar
Nascimento machucado
Arrancado da ilusão
Veias encharcadas de vícios
O grito inteiro da pele
Arrepio riscado nas entranhas
A energia nervosa
Cacos, talhos
Garganta varada em tosses
Ranhuras, pontas
Lâmina do olhar perfurante
Sangue
Sangue
Sangue
Partes e sobras de toda realidade
Das mãos secas e do coração
Das mãos cheias e do coração

                                               (Landeira)










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sábado, dezembro 10

O que sou eu de mim sem um fim...
Sou eternidade vã.
Quero caminhar com todos.
Estar do lado do presente até quando algo mude... se transforme de novo.
E toda esperança se revele.
Se um caminho a ser percorrido
Por onde um dia também eu fui.

quinta-feira, dezembro 8

Independente

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Passos, fardas e senhas de acesso que cabem na data do dia.
Trânsitos independentes.
Pessoas, verbos de ação e ventríloquos. Independentes.
E cabe no presente o que passa e o que fica.
Como independente cabe a sorte dentro de tardes e noites.
Ajustes também são realizações. Independentes.
E cabem medidas dentro de qualquer desejo.
Como a necessidade não tem fim em se refazer.
Como as águas são independentes. Seiva, suor, sede.

E no mar cabem destinos. E cabe na lágrima um fim inteiro.
Como cabe existir dentro de nada saber.

                                                                                                    (Landeira)







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quarta-feira, dezembro 7

Meu coração

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Terra estranha onde se entrega o ouro aos sentimentos.
Quando os votos se dão por estações.
Onde do ser será percebido o outro.
Lugar das palavras mais pesadas. As que calam.

                                                         (Landeira)









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sexta-feira, novembro 18

Não precisar

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Ninguém hoje; nem os mais chegados ou os que recordo.
Interseções são interferências. E cabem hoje fora de mim apenas.
Estou cheio de tudo aqui. De colecionar, de visitar, de ver o pôr-do-sol a dois. Às cinco.
Hoje não.
Sirvo-me de um comprimido de “se cuide”, e quero sair só, e ficar aqui sem vento, rodeado de silêncio e dos fluxos do tempo que passem.
Com minhas roupas ao meu toque. À dispensa de qualquer compreensão.
Sem ter que atender chamados; olhar pra os lados.
Esperar. Esperar respostas. Não.
Participar sozinho do passado agora. A vírgula entre.
Não quero preparar mais o momento de chorar, a cama pra deitar...
E que tudo seja mais uma vez surpresa, mais ainda do que a vontade de prevenir.
Quero sim, mais de mim sem destino conhecido; sem resultados.
Me soltem as cordas, os loucos e seus venenos.
Vão para lá prender os seus umbigos e um bom dia mais cedo ou mais tarde.
Sou minhas decisões e estão todas suspensas.

Meu fôlego é quem respira.
Me vejo o que vejo florir.
E onde mato, como, beijo, e me molho é meu começo.
O fim é o meu fim.

                                                                      (Landeira)











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quinta-feira, novembro 17

Acho

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Achismos em bem dizer milagres
E em mãos, como em vento as árvores.
Som de voz.
Tom de nós. Cada um.
Pontes de outro fim.
Palavras, passos e
Pontes. Quando chega o primeiro ou o último dia.

                                                                    (Landeira)



















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quarta-feira, novembro 9

Nome de alma

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As cruzes penam sobre as atitudes; o nome pena com a alma.
Que não se leve a cruz, mas antes, que não se erre o nome.
Não viver a si é suicídio com direito a também querer ser feliz.
Querer ser a fantasia. Ser outra verdade.
O que não existe.
Fantasia não tem alma. A alma é que se mascara.
Vai Cambaleante. Sem natureza. Oca.
Errante nas intenções; cativa de qualquer bem das palavras que não calam e só contam sorte.
E se afasta tão longe, mascarada e sem asas, que o rastro deixado atrás se torna outro caminho para ser seguido.
Retorno.
O nome cai ali; na madrugada pouco acesa da memória.
Onde os passos tentam ajustar as pernas.
Onde não frutifica a saudade quando o passado não se quer ter.
Onde o tempo leva muito mais quando se é surpreendido sem ser a si mesmo.
Onde só restam lúgubres pensamentos em um coração vazio, quando sem chama.
De quem é o riso, o ego, ou a mentira sem o nome?
O nome pena com a alma, agora mais longe, trocando de máscara.

                                                                                         (Landeira)



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quarta-feira, novembro 2

Minha terra

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Chão e céu.
Minha terra toda é você. É areia.
Minha língua falada e cantada.
Meu deitar de bruços desarmado.
A varanda nos sopros do vento morno.
Onde sem sombra, existe a dúvida clara.
As visitas indiscretas dos arrepios. Teu riso.
Tudo perto demais do ouvido e onde o pensamento faz seu ninho e dali mesmo parte para voar.

                                                                                                             (Landeira)






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segunda-feira, outubro 31

Ando. Feliz.

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E hoje; feliz acredito no dia que vejo mais bonito.
No dia que criei asas e voei até o galho mais alto, que fosse toda a altura de minha vontade.
Quando acreditei nas letras que canto.
Nas lembranças que chegam quando divago na paz do vento.
Ando.

Se esses lugares no meu olhar estão no paraíso;
Nem sempre me sinto bem.
Hoje, feliz.

                                                                               (Landeira)



















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terça-feira, outubro 18

Guardo o adeus

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Enquanto guardo teu adeus
Meu olho se torna vidro e
Reflete a mim despido e distante
Caminhando soturno até onde posso apagar a luz e não ver

Como se todos os pássaros saíssem das minhas mãos
Entrassem no mesmo horizonte
Seguindo o sol até se irem com ele e
Não mais amanhecessem comigo

O mar agora é silencio
O coração não. Bate sozinho
Para mim apenas
Ignorando outro som; outro adeus
Até mesmo o fim da impressão
Aquela em que o mundo te lembra despedida

                                                     (Landeira)








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sexta-feira, outubro 14

Não, dito.

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E tudo diz não. Discordar é apenas a outra metade.
Minhas alegrias e sobressaltos vêm e são barrados na porta.
Observador, me guardo.
Adormeço em meus braços cruzados.
Sou eu comigo e no fundo as outras salas. Por todo lado, música, notícias, índios e idosos em atividades.
Tempos isolados nas suas questões que não sabem se já foram as do outro.
As decisões tomadas atrasam as que aguardam como o futuro espera enquanto não acontece.
E se nos pensamentos existe alguma determinação, que fique guardada lá; afinal, o acaso também existe.
Somos um e pouco nos representamos. Sabemos quem são todos melhor que nós.
Das metades que estão do lado de fora.
O que não aconteceu ou não chegou.
Tudo que existe no papel, no conto, na imagem pintada na tela.
Parte de tudo que não é além de possibilidade.
Parte do que fala mais de nós do que somos perfeitos.
E que me levam para além quando me calo depois que tudo diz não.

                                                                             (Landeira)















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quarta-feira, outubro 12

Logo sou

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Sentir tudo junto. Medo, pavor e o tempo de ser feliz.
Logo, tão logo atrás do que esperava.
Assim mesmo não ter percebido,
A causa de o ente ego inflar à majestade de um deus.
Quando meu corpo desconhece o seu senhor.
Armadilha encontrada e trocas perpétuas.
Gritos desconhecidos que chegam em direções.
Longe de mim; minha vida que nunca será.
Tão alta e distante que daqui nunca saberei também de nós.

                                                                     (Landeira)


















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Por dois

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Passar mil passos.  Por espaços e ponto.
Ponto de encontro distante. Marcado de reencontros.
Perto de motivos carentes e outras propostas.
Desejos egoístas de feitiços com varinha genuinamente humanos. Chegar. Acontecer. Esquecer.
Risco no afeto oferecido. Querer parte e dar parte.
Brincadeira e desacordo. Possibilidades em dois lados.
Que troca, atribui, atrita. Que parte ceifando algo de energia.
A idéia com luz que confunde agora, este instante quando estamos.


                                                                      (Landeira)




















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segunda-feira, outubro 10

Mar lágrima

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Mar lágrima que há tanto já navego.
Tanques e barris esgotados enquanto me leva.
Traz pra mais perto o que me ofertou.
Timbres impressos na pele. Outra nudez de espírito.
Lugares escuros em tons de amarelo na memória do meu corpo.
Brilhos e estrelas ressignificadas.
O que nunca quis.
Outro momento de voltar.

                                                                           (Landeira)




Pintura "Koniec Sezonu"
Kołpanowicz Marcin.




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quinta-feira, outubro 6

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Quisera eu outra tarefa de casa pra completar os afazeres domésticos.
Mas entro num túnel mesmo assim pra não ouvir o mundo.
Recordo minhas cenas preferidas.
Sou sem beijo e sem voar, mas sempre fumaça.
Ou sou eu a partida do trem, ou sou a noite densa em névoa, ou só penso.
Enquanto dirijo olho as mãos e as cabeças, e me vejo onde estou.
De passagem entre assobios indiferentes.
Partindo pra mais tempo.
De mais tempo me aguardar.
Até o fim quando no olho brilha a luz que chega.

                                                         (Landeira)



                                                                        



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quarta-feira, outubro 5

Entre nós

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Entre nós há fios
Há nervos e nuvens
Poeira de antigos fatos

Entre nós um caminho de palavras
Percorrido sem tradução
Dança vestida de canção

Entre nós, por aqui, brotam verdes sementes
Dias inteiros de mar e o presente a contar da vida

                             (Landeira)












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sábado, outubro 1

Sem saber

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Não se sabe da tarde no dia cinzento,
e sem precisar saber, pássaros gorjeiam  em qualquer tarde.

Sem precisar saber, a inteligência se inclina à devoção, mesmo quando em sonho, onde se é deus e vontade.

Também sem saber, e sem precisar saber, me vejo no teu pensamento preto e branco.

Sem precisar saber de tuas importâncias, sou na tua lembrança, o corpo da tua saudade.

E sem saber, você é o que diz meu nome.
Sem mesmo precisar saber, estou em você todo dia.

                              (Landeira)








Pintura \ Pino Daene - Spring day.





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terça-feira, setembro 27

Semelhança

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Mãos e ouvimos.
Pés, sorrimos e corremos.
Por abraços, somos tantos filhos com saudades.
Cantamos, acordamos e estamos no alto olhando a imensidão verde cheia de silêncio e repleta de profundidades.
Nossa terra, água, fogo, e aves migratórias em curso para outra estação.
Vamos essas vontades e não a outro.
E algum criador vislumbra enquanto me rebelo por acreditar muito mais em mim do que o consigo imaginar.
Me percebe quando me vê tão semelhante a ele.
Quando primeiro já existia sem ainda nem saber acreditar.

                            (Landeira)












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sábado, setembro 24

iI

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Tal como tudo
Por simples atração
O menor é o grande sozinho
Pois imenso é o seu caminho
Tem a alma do grande como inspiração
Encontra o eixo de uma forte emoção
O primeiro som do pássaro no ninho
Vê o grande tão grande
No céu todinho
Que decide voar como um deus furacão
E o sol que é pai
E também guardião
Do grande que da montanha salta
E do menor que expandindo sente falta
Da loucura que é essa união
Pede a lua para vir
Quando houver escuridão
Para um poder subir na árvore mais alta
E para o outro filosofar até a sua volta
E se mostrarem distraídos
Quando em profunda atenção


                   (Klediógenes Nóbrega, digitado por Landeira)







Artista Ron Mueck 

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quarta-feira, setembro 21

Seco

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Seco.
Galhos em árvore.
Cem goles de cem gafanhotos.
Poeira cercando o passo e o assento.
Pedregulhos de  prata, cobre, ouro e sol.
Batido chão, castigo e pausas longas. Silêncio pisado.
Desde quando era começo e ainda atrás.
Cem mãos, barro e alma.
Para trás de um sereno breve sem saudade.


“Como pisar o seco. Amar sozinho...”


                                                                     (Landeira)


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domingo, setembro 18

Presente

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De tão perto sei o quanto pode demorar.
Ainda a espera alcança de tão perto.
Vindo e vindo dias.
Ao que respiro; ao que mecanizo; ao que ouço.
Me vejo indo...
E o presente está feito.




                            (Landeira)





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quinta-feira, setembro 15

À Kiehr

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Sem entender a verdade
Até aprendido a ser
Por ter a virtude nas mãos
A excelência em mil vidas e nas memórias
Suspiros e antigas paixões
Em tudo sentir arrebatado pelo belo
Do eterno e do primitivo

Sem tribos; os arcos seguem como símbolos entre ideias de triunfo.
Sem mitos; Tu segues como júbilo entre madres e entre deus.


                            (Landeira)








Ao canto mais belo. À inspiração. Maria Cristina Kiehr


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terça-feira, agosto 30

Inédito

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Amor de palavras ter de buscar. Sentido descobrir.
Quando se chega.
Se chega... perto.
Perto do que chega de saudade sem borrar o colorido dos dias.
No abraço e mais fundo.
Na respiração.
No dizer mudo de carícias.
No passo que decide ir. Que decide ficar.

Ainda minha saudade está com você.
E todo o tempo da gente está com você.
Inédito e sem exitar.
Vivendo em nós e tu, 
também em meu sonho.

                           (Landeira)









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sábado, agosto 27

Deus Tempo

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...

Deus de tudo invadir.
Seres, cosmos, energias, ventres e qualquer medida desigual.
Corta as agilidades do vento, a luz risca e me atravessa reticente.
Nunca esteve na alma quando dele também ela saiu.
Tempo, tempo...
Utopia incompreendida do homem. Sendo a parte do que há e a mesma parte no vazio de sempre.

                            (Landeira)















Pintura "Bordando el manto terrestre" - Remedios Varo




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terça-feira, agosto 23

Retorno

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De joelhos para a parede; dar em nada.
Limite duro de ter de voltar.
Se encarar por vezes. Retorno para o encontro de si.
Quem é o estranho agora?
Procuro minhas respostas antigas, que me posicionam de onde vim.
Um vazio cheio do que a realidade com o tempo mostrou.
Desmistificada a crença, interpretada a natureza, lógicas apanhadas no estalo de um chicote inconsciente, e um caminho lento e sonolento até o quarto escuro de porta entreaberta que nunca vence o longo corredor.
Os significados não são palpáveis e, se não os sinto, questiono o valor da vida que me apresentaram aqui.
Nem mais triste ou menos satisfeito. E o que tem nisso além de retornos?
Ânimos em voltas numa sincronia de revezamento em movimentos de gangorra.
Coisas que parecem de nada depender.
O espírito pode estar no vento, ou enterrado vivo na própria loucura doentia sem questionar uma ilusão verde, ou o espaço apertado que dura nos vários sonhos de juventude eterna, amor verdadeiro, amizade fraterna, enfim, qualquer verdade que esconda a profundidade do abismo.

De joelhos para a parede estão os retornos para outro mais um dia de querer sobreviver.
E falam de tudo... Entendem tudo... TUDO!
Com tudo os resultados são incógnitas.
E se ousar não viver? O que começa partindo do não existir?
Em que mãos estamos à deriva?
Sigo em retornos o que entendo ser mesmo que sem querer; corpo e tudo o que está escuro neste longo corredor até a porta entreaberta.

                            (Landeira)







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sexta-feira, agosto 19

Navego

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Olhar o mar e se perder
Dias e noites
Sentindo como não ser
Porto e anseios

Voz dos mares
Reivindica às águas
Canto da natureza
Navega ao amor de deusa
Pois sem altar navega o tempo
E arrebenta contra mim


                            (Landeira)




Fotografia por Landeira.




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sexta-feira, agosto 12

Corpos




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Farelo de escamas. Pele. Ex camada. 
Pêlos pelo chão. Pano de chão.
Porta treco misturado. Alicate, lixa, esmalte, caneta, pó compacto, moeda, grampo, cabelo.
Fisgada de Agulha. Espinho contra a fibra. Álcool. Ouvido tapado.
Toalha e banheiro abafado. Água quente.
No rosto, cravos, espelho e penteado.
Pés descalços; geladeira. Resfriar. Arrepio. Duros mamilos. Espirrar.
Paredes duras. Ex resina. Dentes, unhas.
Partes duras. Trato gasto. Chá de boldo.
Arroto. Gastro emissão.
Ar viciado de fôlego usado. Tosse.
Mofo nos guardados. Verniz na viga. Cupim no forro.
Rolo de papel. Coriza irritante e nariz irritado.
Dor na lombar. Procurar gavetas. Pulsar em 12/8.

Cansaço encostado. Sofá. Bocejo.
Expiração. Fraqueza franca, suspiros e ais.


                            (Landeira)









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Móvel


Para. Dois giros. Cai em segunda.
Sobe na ponta.
Elevação de cabeça.
Esquerda.
Fixar marcação.
Diafragma e coluna.

Atento! Não piscar.


                            (Landeira)




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quinta-feira, agosto 11

Platônico

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Desejo não vir a aproximação.
Que me liberte a sua presença.
Que me traga de volta a natureza do lugar.

Desejo que se percam as brisas muito afora.
Que não se apresente seu cheiro. Perfume de saudade.
Desejo que não me enxergue os teus olhos. Que outra esperança brilharia nos meus?
Desejo você não aqui do meu lado; para que eu não me reduza em receios.

Desejo não me chamar tuas palavras.
Que em meu coração tranquei as minhas.
Desejo um despertar sem afeto. Inconsciente em te alcançar.
E nem mais mudo, ou cego, ou vazio; colher meu desejo, numa porção de fôlego que reste, pra nada mais ter de desejar.

                             (Landeira)



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quarta-feira, agosto 10

Mel no pires

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São teus olhos e tua boca.
Não me lembro de tê-los visto em meus dias de tristeza.
Agora, mais hoje, te chegas e te olho de novo; sem fugir.
Estou aqui, acreditando que tudo é possível.
Sendo desafiado por você.
Me vendo no seu olho.

Há tanto chão entre nós.
E uma vez te vejo e não volto.
Te desejo um adeus sem pranto.
Não quero ver seu sorriso desfeito.
Também não o quero guardado em meu bolso.
Só preciso saber que ele existe em você.
Vagando sem mim nas outras razões da sua vida.

                            (Landeira)




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segunda-feira, agosto 8

Peso

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Negror de sepulcro. 
Consciência em interior profundo.
Asas em vôo cinza. Fumaças e pesares.
Reflexões do céu em noite agarrada de sombras.

... Pela graça de algum ente que também se pauta pelo amor.

                            (Landeira)


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sábado, agosto 6

Naturalmente

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Digo agora, de novo, todas as palavras já repetidas.
Não sou nenhum gênio de fazer o novo se apresentar tão distante do que já tinha em minhas mãos.
Continuo relevando conflitos pra me sentir confortável e tratando com praticidade as questões que me trazem idade, solidão e alguma lágrima.

Mas voltando a falar do novo, receio incluir desta vez a palavra lamento.
Lamento sem significar tristeza ou propriamente me sentir lamurioso. Não.
Aposto mais na obviedade do sentimento; significando algum desgaste, usurpando alguma atenção, obscurecendo, causando certa náusea mas simplesmente sendo sentida por estar no transito do caminho agora.

Mas lamento sim; as mudanças que freiam, cansaço que subtrai.
Coisas que ando sentindo a essa altura da vida que comparo a estar sendo acordado no meio de um sonho bom com aquela voz que de longe vai te chamando a um despertamento.
Natural; o barulho faz acordar.
Naturalidade, inclusive, talvez seja a palavra mais verdadeira que eu conheça, mais até que “verdade”, que pode ser negada e daí tudo muda de uma hora pra outra.
Não se está impune a efeitos de mudanças. Principalmente sendo tudo verdade.

Me sinto adequado a qualquer dos adjetivos entre confortável e seguro, quando experimento naturalidade.
Piso firme e posso correr. Se escorregar, sei onde vou cair. E vão se dando meus movimentos e direções.
Por mais que se ensaie, o que se tem de fazer, no fim, é relaxar e deixar acontecer.

Enfim, longe de mim me atrever a dar conselhos sobre a natureza das pessoas ou escrever um livro de auto-ajuda, mas, como são comprimidos gases dentro de uma garrafa pet; todos os meus lados são empurrados tendendo a me esvaziar.
Assim falo demais e me atrevo.

Pareço estar tratando disso tudo como se tivesse 15 ou 17 anos; mas pouco importa, de fato as razões para pensar melhor onde estou hoje não podem ser ignoradas nem tratadas levianamente seja cedo ou tarde.
Confesso que por mais reveladoras sejam as situações; sentindo o peso, travas de segurança e etc; digo sem cautela que percebo tudo seguindo normal.
Não passa de um lado novo que se experimenta.
Um calo que se formou.
Uma palavra que nasceu de uma tradução global.
Coisas que vão se tornando conhecidas, regidas de novas impressões.
Loucura em garrafas pet fazendo pressão e deixando todos em alerta de escape.

E me parece ser bom reunir tudo numa coleção de traços de maturidade e naturalmente, sentir o meu riso e todas as outras reações fisiológicas dentro da adaptação nova.
Ouvir que, “Nada se perde, tudo se transforma”, ou “o homem é um ser social inacabado”, ou ainda, que somos indivíduos em constante transformação; ler sobre evolução dos seres, ou sobre evolução espiritual; seja como for, reconheço o valor de precisar ainda mais entender sobre o que sinto; afinal, mesmo o óbvio precisa ser entendido.
Por fim sei que não tem nenhuma novidade no que disse; mas naturalmente sinto que acordei e dei de cara com isso pela primeira vez em toda a minha vida, como frutos no período da safra, na qual os que não chegam a ser colhidos caem de apodrecidos.
Naturalidade empurrando sem pedir licença.
E eu não lamento nada disso.

                             (Landeira)





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segunda-feira, agosto 1

Sou de mim

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Alma além dos erros.
Distração além do remorso.
Natureza além da carne.
Que os olhos fecho para melhor me perceber.

Sou estes dedos além do pensar.
Calor além do abraço.
Fuga além das marcas.
Que me toco e me reconheço.



Me encontro além do lugar.
No que vejo... No que desejo...


                           (Landeira)







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sábado, julho 30

Sentir

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Sinto...

Ansiedade...

, peso das letras; gritam sem voz.

Angústia...

Delírio...

Cura...

, normalidade; equilíbrios na paz...  suspiros provados no fôlego esvaído.

Calma...

Serenidade... Pureza...

Leveza...

, melodias escorrendo pela janela, pelas escadas.

Melancolia... Nostalgia...

Simplicidade... Quietude...

Ternura...

, imaginação revolvida; reinvenções; revoltas; abrigo de muitos quereres.

Cólera...

Desejo... Vontade... Dúvida...



Silêncio... 

                            (Landeira)










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quinta-feira, julho 28

Imediatômico...

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Pensamento

A precisão de dizer mesmo as urgências da necessidade.
Comer; beber; contar.
Antes, pensar.  Pensar água e copo. Pensar seco e sede.
Água se bebe. Copo se enche. Cheio por não transbordar.
Pensar o gole, como dormir sem esquecer-se de respirar.

Pensamento

Ir longe se vendo de volta.
Voltas repassando as ordens para acontecimentos.
Iniciativas reais, de jura ou de desejo.
Pegadas, velozes trilhas e extensos campos abertos estendidos em quilômetros no olhar.


Sendo o agora, momento que mais cedo está posto; cobra-me antes, por viver e ser urgente, o pensamento.

                            (Landeira)









Arte - Floting in time; Sara G. Umemoto.


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terça-feira, julho 26

post Carta

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Aos que ficam

Cada dia que passa observo algumas fórmulas na minha vida darem certo.
Tipo: Tenho amigos. Brigo com eles. Eles não se vão.
E "poiZé"; tô feliz hoje, descobri que estou "apto" a encarar outro vestibular, só que agora de forma mais leve ( afinal será música); quero dividir isso com vcs, "meus amigos que ficam" e estão até este dia comigo.
Posso dizer que se alcancei este momento, foi simplesmente por aprender na vida de vcs e com vcs; portanto obrigado por todo ensinamento descomprometido, "despretendido" e, mais que tudo, necessário pra eu ser feliz hoje.
Estou aqui pra vcs.
Tbm não sei bem porq resolvo dizer isso agora com esse formato facebook "meu status do dia", mas deve ser a aproximação do meu novo ano que vai posicionar saturno no mesmo ponto em que estava quando nasci... rsrsrs
enfim...
Vcs sabem de minhas loucuras e sabem do meu coração.
Tomem o tempo que quiser comigo; esperem o quanto quiser por mim. os tempos não são iguais, nós sabemos. Mas de novo digo: Estou aqui pra vcs.



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sexta-feira, julho 15

Emudecer

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Murcha a voz
Despetala dentro da alma
Sussurrando delírios e sem olhar

Calando...

Tristeza poente
Partindo em esquecimento
Distante na noite do deserto

                            (Landeira)



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quinta-feira, julho 14

Joaquim Maria

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Azevedo limão mel cana caldo aposta carneiro.
Brasa coalho João partida dado dinheiro.
Suzana cafuza lava prato avental farinha paliteiro.
Chega Chico facão pé quente escarra bigode brejeiro.
Dança do lado Joana seu macho toca Dedé Tonho sanfoneiro.
Zé cochila baba madruga na barca pesca robalo inteiro.
Fiado de novo Santana busca Manél bebo queda levanta ligeiro.
Seu Joaquim balcão caneta casa no fundo poço terreiro pato cercado galinha poleiro.
Reza no quarto Maria seis filho estante retrato santo padroeiro.

                           (Landeira)





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segunda-feira, julho 11

domingo, julho 10

Passos

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Recebo um espaço pra criar mais de mim.
Encontro as quinas, dimensiono as bordas em palmos e imagino o desenho.
Mas já no começo do traço chego perto demais de outra idéia e agora, usado já está o espaço.
Passado não apaga e sei que logo tenho um novo espaço por instante.
Recomeçar é fácil quando tenho apenas que repetir o traço, retomar de onde parei e só seguir por um fim.

Traço pensado; palavras nascidas. Imagino o desenho.
Passo dado que no contato, já busca o seguinte que pede pelo próximo...
Então me encontro percebendo que a ninguém sigo e que sou eu o caminho. A frente só vai à espera de um fim.
Já sou outro rumo quando parte o passo dado.
Assim o sonho está refeito e a ideia mais próxima é o que de mim está ainda para ser.

                            (Landeira)













Nota: Este post também é um anúncio do novo blog que criei. Um outro passo.


http://landeirar.blogspot.com/



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quinta-feira, julho 7

Segredo

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Eu secreto.
Acorda do nada.
Me cala quando me diz... Quando me digo.
Estrondo; barulho; ruído.
Me ensurdece e surdo escuto essa voz... E me mudo sem fala.
Me reconta pra mim. Me sofre. Me conclui versões.
Me mato por não duvidar.
Árvore sem fruto... Só sombra produz.
Nada me enxerga. Nem olhos brilhantes.
Existe vivo por não existir em outro; por nunca, nem por acaso, terem me dito.

                            (Landeira)





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segunda-feira, julho 4

Rio cor de rosa

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Meu ritmo espera.
De uma vez chega tua alma em repetições, se vendo passados, repassando passos. Se vendo castigo.
Entre tuas sombras a cor da tua vida se altera e me acelera em teu interior.
Corro sobre teu rastro de manchas. Riacho de rosas. 
Um choro desaguando um turbulento rio.

Teu ritmo é luta entre os teus equilíbrios.
Faz de você, ao meio, pura batalha.
Teu ritmo é mudança.
Te reconheces aos poucos sempre que acordas. Mudas.

Descanso é acordar o avesso. Despertar o outro lado de onde te encaras pesadelos.
Sendo descanso mais um desejo de, a si mesmo, não ver.
Vive outro sonho a tua realidade.

Reconhecido por tuas entidades, te ergues lado a lado montando paredes.
Tua prisão. Tuas faces. Tuas vezes.
São loucuras e se mostram você condenado por elas.
Medo, recalque, repressão.

Nem a morte é uma ameaça. O que sou é minha própria ameaça quando decido se amo mais a mim ou o meu apego.
Me enganam todas as falas do ego. Assim vejo nascer o dia.
Caminho revelado entre espinhos.
Vigilância incansável do espelho. Doer um riso que não convence primeiro a mim.
Levar as culpas para o sonho. Ofender a paz nas mãos de alguma ilusão.
E me descubro adormecido perto de um louco com o mesmo nome que o meu.

Eu era sonho. Desconstrução urgente do meu mundo.
Por mim mesmo, só respirava. Todo o resto era você.
Perdido no teu olho existo mudo esperando ouvir resposta.
Tendo a única fonte. Teu rio.

                            (Landeira)








foto: Cia de Dança do Teatro Alberto Maranhão.
(em destaque, bailarino Tházio Menezes)






Nota: Ao Amigo

Remonte o que se espera retirando as surpresas. Então surpreenda de novo.
Luz se guarda lembrada.
Se descamise quando suar a febre. Galope seus passos apressados em salvar seu dia do sufoco.
Diga o que quiser para os estáticos, afinal são apenas resto das causas. Vazios de tendências.


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sexta-feira, julho 1

Circo

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Nos acordes da sanfona se via as cores da lona do circo...
Todo o lugar era como uma pintura bonita em giz de cera.
Remontava uma afinidade antiga de brincadeira.
Mágica de dia feliz.

Dançava, sendo eu as mesmas cores do acorde da sanfona.
Sorria, e era eu as mesmas cores da lona do circo.
Brincando de fazer pedido de sonho impossível.
Confiante naquelas estrelas estampadas no céu logo acima de mim.

                            (Landeira)

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Meus ombros

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Percebi peso nos meus ombros.
Estavam ali indefinidos o tempo todo. Diabinho e anjinho.
Assim se encarando com peso e desdém.
Traem-se como íntimos. Interessam-se como inimigos.
Velhos conhecidos. Irmãos de mesma idade. Mesmo sexo.
Anjo sem harpa. Diabo sem tridente.
São morenos por parte de mim e me constroem por, em parte, não parecerem.
Juntos na estrada; juntos no quarto.
Os protagonistas do meu silêncio.
Os dois lados da surpresa.

                       
                            (Landeira)



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