segunda-feira, outubro 31

Ando. Feliz.

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E hoje; feliz acredito no dia que vejo mais bonito.
No dia que criei asas e voei até o galho mais alto, que fosse toda a altura de minha vontade.
Quando acreditei nas letras que canto.
Nas lembranças que chegam quando divago na paz do vento.
Ando.

Se esses lugares no meu olhar estão no paraíso;
Nem sempre me sinto bem.
Hoje, feliz.

                                                                               (Landeira)



















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terça-feira, outubro 18

Guardo o adeus

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Enquanto guardo teu adeus
Meu olho se torna vidro e
Reflete a mim despido e distante
Caminhando soturno até onde posso apagar a luz e não ver

Como se todos os pássaros saíssem das minhas mãos
Entrassem no mesmo horizonte
Seguindo o sol até se irem com ele e
Não mais amanhecessem comigo

O mar agora é silencio
O coração não. Bate sozinho
Para mim apenas
Ignorando outro som; outro adeus
Até mesmo o fim da impressão
Aquela em que o mundo te lembra despedida

                                                     (Landeira)








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sexta-feira, outubro 14

Não, dito.

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E tudo diz não. Discordar é apenas a outra metade.
Minhas alegrias e sobressaltos vêm e são barrados na porta.
Observador, me guardo.
Adormeço em meus braços cruzados.
Sou eu comigo e no fundo as outras salas. Por todo lado, música, notícias, índios e idosos em atividades.
Tempos isolados nas suas questões que não sabem se já foram as do outro.
As decisões tomadas atrasam as que aguardam como o futuro espera enquanto não acontece.
E se nos pensamentos existe alguma determinação, que fique guardada lá; afinal, o acaso também existe.
Somos um e pouco nos representamos. Sabemos quem são todos melhor que nós.
Das metades que estão do lado de fora.
O que não aconteceu ou não chegou.
Tudo que existe no papel, no conto, na imagem pintada na tela.
Parte de tudo que não é além de possibilidade.
Parte do que fala mais de nós do que somos perfeitos.
E que me levam para além quando me calo depois que tudo diz não.

                                                                             (Landeira)















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quarta-feira, outubro 12

Logo sou

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Sentir tudo junto. Medo, pavor e o tempo de ser feliz.
Logo, tão logo atrás do que esperava.
Assim mesmo não ter percebido,
A causa de o ente ego inflar à majestade de um deus.
Quando meu corpo desconhece o seu senhor.
Armadilha encontrada e trocas perpétuas.
Gritos desconhecidos que chegam em direções.
Longe de mim; minha vida que nunca será.
Tão alta e distante que daqui nunca saberei também de nós.

                                                                     (Landeira)


















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Por dois

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Passar mil passos.  Por espaços e ponto.
Ponto de encontro distante. Marcado de reencontros.
Perto de motivos carentes e outras propostas.
Desejos egoístas de feitiços com varinha genuinamente humanos. Chegar. Acontecer. Esquecer.
Risco no afeto oferecido. Querer parte e dar parte.
Brincadeira e desacordo. Possibilidades em dois lados.
Que troca, atribui, atrita. Que parte ceifando algo de energia.
A idéia com luz que confunde agora, este instante quando estamos.


                                                                      (Landeira)




















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segunda-feira, outubro 10

Mar lágrima

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Mar lágrima que há tanto já navego.
Tanques e barris esgotados enquanto me leva.
Traz pra mais perto o que me ofertou.
Timbres impressos na pele. Outra nudez de espírito.
Lugares escuros em tons de amarelo na memória do meu corpo.
Brilhos e estrelas ressignificadas.
O que nunca quis.
Outro momento de voltar.

                                                                           (Landeira)




Pintura "Koniec Sezonu"
Kołpanowicz Marcin.




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quinta-feira, outubro 6

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Quisera eu outra tarefa de casa pra completar os afazeres domésticos.
Mas entro num túnel mesmo assim pra não ouvir o mundo.
Recordo minhas cenas preferidas.
Sou sem beijo e sem voar, mas sempre fumaça.
Ou sou eu a partida do trem, ou sou a noite densa em névoa, ou só penso.
Enquanto dirijo olho as mãos e as cabeças, e me vejo onde estou.
De passagem entre assobios indiferentes.
Partindo pra mais tempo.
De mais tempo me aguardar.
Até o fim quando no olho brilha a luz que chega.

                                                         (Landeira)



                                                                        



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quarta-feira, outubro 5

Entre nós

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Entre nós há fios
Há nervos e nuvens
Poeira de antigos fatos

Entre nós um caminho de palavras
Percorrido sem tradução
Dança vestida de canção

Entre nós, por aqui, brotam verdes sementes
Dias inteiros de mar e o presente a contar da vida

                             (Landeira)












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sábado, outubro 1

Sem saber

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Não se sabe da tarde no dia cinzento,
e sem precisar saber, pássaros gorjeiam  em qualquer tarde.

Sem precisar saber, a inteligência se inclina à devoção, mesmo quando em sonho, onde se é deus e vontade.

Também sem saber, e sem precisar saber, me vejo no teu pensamento preto e branco.

Sem precisar saber de tuas importâncias, sou na tua lembrança, o corpo da tua saudade.

E sem saber, você é o que diz meu nome.
Sem mesmo precisar saber, estou em você todo dia.

                              (Landeira)








Pintura \ Pino Daene - Spring day.





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