domingo, janeiro 27

Meu e teu

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Meu corpo nas suas mãos
seu semblante intenso de ainda procurar
nunca achar
a presença de minha alma flutuante
Meu corpo em seu resgate
sua mão é firme
não me escapo
preso a mim, seguro pelo chão
batida terra árida
espera chuva e não teu céu
espalhado em mim e em ti

Meu corpo em tua mão não toca os lábios
não sente o deserto vibrante do teu coração
grande carga quente
que me impede e agrava teu desejo de passar por mim
 
 landeira
 
 
 
 
 .

Ai

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Mastigo cada dia
Da reza musical
Até me rasgar
Fogo demais enxendo meu canto
Sem se saber
Fogo demais a curar a ilusão
Desatino comendo cada representação da realidade
Pedaços louvados nas penas ou dormidos
No partido tempo, no vindo tempo
Sentido cru





landeira
















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sexta-feira, janeiro 18

Percorrendo

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Ombros vestindo cabide
pendurada altivez cabisbaixa
atmosfera musical de deixar
tudo se escorrendo
dedos nos dedos
sentindo águas

e águas sempre correndo
uma visita debruçada de águas aos lodos
acelera as águas

quando estas não se empurram mais correntes

ardido é o coração e se empurra assim
e se vai levado de vontade
ah, se fosse além de filho
se fosse além de um rei

seria o verso tímido de cantar e então rezado
e todos seus sentidos praticados
gota a gota
até a ponta dos pés
desde os ombros pendurados






 landeira




 














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terça-feira, janeiro 15

Fingir

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Penso, penso, penso
assisto os olhos de quem me olha
penso igual e penso diferente
assisto a surpresa de quem me vê
palavras dos olhos são as que penso
sem saber quando reais
penso me atraindo para saltar
de cabeça sem sonho
batendo duro na quina
sem inventar, sem fingir




landeira













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