sexta-feira, maio 15

Chuva

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Se levando de ares reunidos
Livre espaço de atmosfera cheia
Precipício e caminho levado a percorrer
Corrente levada

Gotas gotas gotas

Levadas no instante, no papel
Partes caídas
Partes formantes no livre espaço de atmosfera cheia
Poeira viva prismatizada

Letras letras letras

Passando palavras, caindo reunidas
Se deixando no ar, na luz
Cor e som
Fazendo brotar






landeira














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Partitura do Jantar

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Tijolos pisando a língua
Represando as águas de dizer. O leitoso escorregar
Trancando os dedos
Extremidades de gestos sem pensar
Como lodo e cracas pregadas no casco de emoções que não navegam.

Nem o zunido e metal das formas físicas
Pétalas desafiadas a nunca murchar. Mudas sem respirar
Cilho nos olhos do retrato sem tremular na presença das mesas e cadeiras sentadas no chão
A parte de baixo que não mostra trocas e porções
Nem provas nem proporções

Pão da boca
Embaixo de tijolos
Não diz nada




landeira














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sexta-feira, outubro 25

Mordida

Pela primeira vez esqueci
e de tudo não restou nada mais
estava livre, estava caminhando só eu
leve de leveza por nada carregar
cantar apenas e rir do choro que me faltou
faltou sem sentido
faltou por prazer demais chegado das músicas que ouço, das presenças que me alegram como vento e como sol...
dançava alcançando os desejos esticados no tempo e trazia tudo à boca...
Provava uma parte bem gostosa da vida.





terça-feira, outubro 8

Saltos de luz



O que foi energia pura
Hoje alcança maiores distâncias
Cada tempo e passado que surgem
Tornam o valor de existir ainda mais precioso
Vamos sendo parte de tudo
Eternos e transformantes
Tão grandioso é o que foi pura energia e trouxe-nos aqui
Tão divino maravilhoso
E todo esse deus desconhecido
Se permite estar passando despercebido
Quando temos o que ainda é mistério

E enquanto somos mistério
Nunca e nada podem ser destino
Ou saltaremos de novo
Talvez de alguma altura  maior sabendo ou não voar



landeira








Visto





Eu visto as minhas companhias
as visto de mim
arrumo-as de estar
por estar com elas
retiro-me os panos, as penas
mudamos nossas imagens
enquanto as visto
me dispo





landeira









quarta-feira, julho 31

Vida Bruta




Chega o sono do meu dia. Chega a hora de acordar
Acontece na degustação do corpo, na cura das reflexões
Nos fios do vento, o que contorna os corpos, o que sufoca de paixão
Carrega a fumaça, a espera das cinzas,a liberdade de todas as coisas

Como gostaria de me refoliar como o véu das árvores
Sem o temor pesado de padecer
Se arrastando sem diminuir
Os ombros não entristecendo a cada vez que se vira de costa
Mas mesmo os que voam não pecam menos ou mais na condição de viver
Depender de uma lei é ser levado pendurado sem escapatória
Pano e carne
Assim é
Cheios de segredos os baús trancados são utopia
Sonham esses segredos serem livres pra liberdade
Livres de existir






















sexta-feira, julho 5

Vê-se

Sentir e saber que poderia partir
Sair daqui como um eco sem fim
E deixar
Deixar cair o sonho
Cair das cinzas
Da água e do ar pueril
Deixar os dias, a sorte e os passos
 
Pelo tempo da passagem
O fim da corrente arrastada

Faltaria a mesmice, o lago parado
Faltaria ainda descobrir-se
O amor se fazendo da vida
Da vontade de voar
Faltaria o amor, a mentira e a vontade de voar
 
Terminar como se está, sem acabar
Nem mais ter valor qualquer nome ou qualquer dor