quinta-feira, fevereiro 24

O Penetra

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Quem é ele?
Não sei quem convidou.
Sei lá, ninguém soube dizer como fez prá entrar.
Já bolado, pensei: - Isso não vai prestar.
O cara pagava mico, SOPRAVA APITO, cismou de zuar.

Bebeu demais, comeu de tudo, DANÇOU SOZINHO, encheu o bolso de salgadinho; foi prá fila da pipoca.
Roubou o pedaço do bolo e o refrigerante que estava na mão do aniversariante.
FEZ A CRIANÇA CHORAR.

Quem é ele?





Zeca Pagodinho



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quarta-feira, fevereiro 23

Poeta

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O homem se faz de escolhas.
A palavra por observar.
A criatividade por imaginar.
E o poeta? Se as palavras o escolhem, a imaginação o ilude e os sentimentos o traem?

É uma estação sem nome.
Amor.





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sexta-feira, fevereiro 18

Inútil

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A inspiração não visita.
Faz-se sem ela, nada que gere lembrança.
Faz-se perda.







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quarta-feira, fevereiro 16

Um sentimento

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Amor, velho amor... Estás cheio das alarmantes certezas das juras, garantias de céu e de um eterno que existiu durante alguma manhã.
Podes matar-me com elas e com apenas uma sangrar-me em muitas partes. Posso todo sangrar.
Se não mentes, suas verdades são feias, murchas como a rosa que já estando morta ainda espera cair. Oxalá esta rosa conseguisse alcançar-me ainda enquanto acompanhada do seu perfume, logo quando fora recém pintada sendo tão atraente para mim como para as abelhas. Mas não conheço a tua primavera.
Ó amor, estas mesmas verdades, as mais puras verdades, não se despem pra mim, não repousam, nem se entregam. Ficam recolhidas ali, enfrentando os cantos de parede. Perturbadas de receios. Sem argumentos.
E sendo eu o teu hospedeiro, deus de incompreensível julgamento; traio a mim por sentir-me atraído para ti.
O que ainda não me tornei por tanto considerar-te?
Não me domino. Sigo enganado.
Resta-me tentar os dias, ignorante ao próximo momento em que vais sangrar-me.





Pintura - Birth of love, Vladimir kush




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quarta-feira, fevereiro 9

saudade

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Serra da Boa Esperança, esperança que encerra
No coração do Brasil um punhado de terra
No coração de quem vai, no coração de quem vem
Serra da Boa Esperança meu último bem
Parto levando saudades, saudades deixando
Murchas caídas na serra lá perto de Deus
Oh minha serra eis a hora do adeus vou me embora
Deixo a luz do luar no teu olhar
Adeus


Levo na minha cantiga a imagem da serra
Sei que Jesus não castiga o poeta que erra
Nós os poetas erramos, porque rimamos também
Os nossos olhos nos olhos de alguém que não vem
Serra da Boa Esperança não tenhas receio
Hei de guardar tua imagem com a graça de Deus
Oh minha serra eis a hora do adeus vou me embora

Deixo a luz do luar no teu olhar

Adeus


Lamartine Babo








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