terça-feira, maio 24

Sombra de mim

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Esta terça que vibra entre minha razão e emoção me torna um espectador da minha vida a ponto de admirar-me.
Me constituo sem alcance de qualquer perfeição, julgando qualquer atitude equivocada. Existindo dentro de mim sem respirar como se o meu ser isento do racional, fosse um estado de descanso.
Me vivo para a surpresa e perdido ou obstinado, sem diferença, tenho um tema pra seguir no presente que no sonho ou na dor se apresenta. E mesmo coagido, amedrontado pela ansiedade de cada dia em ser julgado; triunfar incrédulo por não esperar por quem a mim preze ou pelo momento de ser exaltado.
Ao que merece minha concentração, meu tempo empregado e minha causa que pode até ser ao nada comparada, justifico meu ritmo e devoção sem ter de explicar qualquer parte desse particular tesouro.
O lugar que me eleva para além da falta de qualquer outro ganho ou qualquer perda é como um lar. Chego lá quando me sento e nem imagino. Onde posso sentir o cheiro do céu. Chego lá quando penso que não posso abandonar as últimas palavras reunidas sem capricho. Quando a importância do descanso não é maior que a da reflexão.
Vou até lá quando me vivo e me amo considerando que só tenho isso. Quando faço o caminho de volta que me levou a queda. Retorno para o íntimo. Para o absurdo milagre de insistente felicidade que arde.
Questiono a mim cobrando argumentos. Não é de graça ou sem preço que se obtém alguma felicidade e não concebo amanhecer com tanta estando rodeado de despropósito, perdido ou obstinado por alguma falsidade. Sem qualquer falsidade.
Erro, critérios, vaidade. Banal e carne, a vida completa com os dois lados da moeda. Escrever por odiar, amar para morrer, jogar contra o irmão. Errar, errar, errar... E ter perdão.
Para o divino, acredito ser a minha melhor e suficiente oferta. Eu acredito. Eu erro.
                                                                   (Landeira)







"Mary musth" do artista Ryohei Hase



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