quarta-feira, abril 13

Jeito de ser feliz

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Tem um jeito de ser feliz nas descobertas, como encontrar numa música um achado fantástico como sentiu um dia o explorador que chegou naquela ilha cansada de ser buscada. Ganhar o mundo por pelo menos 5 minutos.

Tem o jeito de ser feliz acompanhado, como naquela mesa de café da tarde que sua avó se empolga falando da juventude e você acha tão lindo que não quer que nada interrompa ao ponto de lamentar pela tarde ter fim.

O jeito de ser feliz sozinho. Estar com seus botões; se dar bem mesmo depois que o plano A, de ir à praia, foi boicotado pela chuva e já que ficou em casa vai arrumar o quarto ouvindo as músicas que gosta. Quando se percebe está cantando alto com uma ótima disposição gratuita.

Tem o jeito previsível e, por isso aguardado, como o regresso pra casa depois de um dia inteiro de trabalho onde as melhores e mais simples coisas estão ali colecionadas e ao alcance; a alegria do seu cachorro; o banho demorado; mais um episódio da série; a receita, o fogão e todos os ingredientes...

Tem aquele jeito de ser feliz construído, como uma arte que se aprimora. E você descobre a sua arte, se realiza ao mostrá-la como um carimbo de reconhecimento próprio e entende que pode ir adiante ao seu tempo.

Tem o jeito de ser feliz de saudade, como daquele veraneio que se repetiu por anos, tinha o mar todo dia, os primos distantes, as conversas de assombração, picolé na praça e o dia inteiro de sunga.

Tem também aquele jeito de se ter felicidade que chega numa explosão de euforia, como acontece logo depois que se aprende a dirigir e no carro da mãe você junta a galera pra sair, ouvindo música alta e rindo com pouco. Todo mundo fala alto sem se incomodar e a parece que a liberdade nunca esteve tão perto.

Tem o jeito suave de se ter felicidade, como adormecer na rede da varanda refrescado pela brisa que trás sonhos levemente alaranjados vindos da pouca luz do entardecer.

Tem aquele jeito de se ter felicidade que com o tempo se torna comum, mas ninguém quer que se acabe nunca, como quando o trabalho que se faz é um prazer diário e dá muito mais sentido e segurança sobre o que se é.

Tem o jeito de ser feliz vindouro; chega num futuro bom, como descobrir que aquele seu conhecido “joga no mesmo time” que o seu e por isso passam a freqüentar muito mais a vida um do outro ao ponto de serem amigos.

Tem ainda o jeito de arriscar a felicidade, como quando vemos em alguém uma aproximação que tem as melhores chances de amor e brincar com o destino se vendo mais forte pra tentar tudo de novo.

Pensando nisso tudo, penso em ter mais atenção na ordinária vida. Pode ser até só o que se precisa.

                             (Landeira)





Katya Andreeva - Quadro "Sogni tra i fiori"





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